
Gostaria de falar-lhe sobre um dos motivos que poderá levar uma pessoa a ser reactiva e a ter um comportamento onde pontua a impulsividade verbal com intenção de julgamento, acusação e crítica hostil a uma ou mais pessoas.
Antes de avançar com uma explicação, gostaria de partilhar a ilustração do corpo de uma pessoa que está reactiva. Vou descrever, sumariamente, onde se localizam as principais zonas de tensão muscular:
Na zona da cabeça, muitas vezes, existe tensão ocular, caracterizada por um olhar fixo e carregado.
Tensão no maxilar - os dentes podem ser visíveis, como sinal de ameaça e o pescoço é projectado na direção do alvo.
O tom de pele pode ficar mais avermelhado, o que denota concentração de sangue nas extremidades do corpo para partir para a acção.
Os braços podem estar tensos, os punhos semicerrados ou mesmo fechados.
A respiração é curta e rápida.
As pernas também podem apresentar maior tensão.
O corpo está preparado para agir em direção ao seu alvo, numa intenção de luta.
Uma pessoa reactiva, geralmente, apresenta uma emoção de zanga que poderá ir desde a irritabilidade até ao ódio.
A dinâmica de ataque verbal que, geralmente, usa, é de acusação e culpabilização do outro.
A estratégia de acusação serve, essencialmente, dois propósitos:
- Criar uma situação de intimidação e poder sobre o outro ou outros.
- Retirar qualquer possibilidade de auto-responsabilização.
Vamos agora reflectir sobre um dos motivos que torna uma pessoa reactiva.
Quando uma pessoa fica irritada com algo, geralmente essa irritação tem o seu início através de um gatilho externo. Um gatilho poderá ser um acontecimento, palavra ou gesto de outra pessoa.
O que importa perceber é que uma pessoa não fica irritada ou zangada pelo estímulo externo em si, mas sim pela forma como o vive interiormente, ou seja, pelo diálogo interno que liga esse estímulo à sua própria história emocional.
Se eu estou numa fase de instabilidade profissional e vejo alguém feliz, solto, a verbalizar quão satisfeita se sente com a sua situação profissional, eu não fico irritado com a pessoa. A irritação é, primeiramente, comigo mesmo por me sentir inferior, algo humilhado por não ter atingido o que a outra pessoa alcançou.
Quando alguém diz que odeia o dinheiro ou odeia Matemática, na verdade o que odeia é a relação que tem com o dinheiro ou com a Matemática, onde poderão existir sentimentos de impotência, ineficácia e frustração.
As nossas emoções não resultam do efeito directo de um estímulo em si, mas da relação que temos com este estímulo. Essa relação resulta de uma história e memória emocional.
Quando somos activados por um certo gatilho, existe uma acção externa que nos relembra a história emocional que temos com esse estímulo. Imediatamente as nossas emoções são convocadas e logo reagimos.
Quando o estímulo nos invoca uma história emocional de afecto, de ligação, de harmonia, não há conflito nenhum e não se apresenta nenhuma reactividade de carácter mais negativo.
Mas quando a história emocional que temos com algo é pautada por memórias emocionais de frustração, humilhação, impotência, zanga, então o conflito ocorre.
Muitas vezes, esse conflito é insuportável e logo surge uma estratégia interna: é necessário promover o alívio, para tal, a culpa e a frustração são projectadas no outro.
É muito importante que a pessoa alvo desta tentativa de culpabilização não se sinta culpada e seja capaz de não personalizar a acusação imposta.
Mantenha o discernimento, não fique também reactiva. Mantenha a calma e um tom de voz seguro. Devolva a zanga à pessoa reactiva.
Muito eficaz é dizer algo como: vejo que estás muito zangado (a) com esta situação, com o meu comportamento. Pergunto-me: por que razão esta situação mexe tanto contigo?
Este tipo de comunicação ajuda a remeter o conflito para o próprio. Assim conseguirá sair de uma situação de culpa, porque o conflito não é consigo, mas sim com a pessoa reactiva.
Se por qualquer motivo sentir que esta estratégia não funciona, que se sente impotente e incapaz de lidar com pessoas reactivas e que, permanentemente, aceita a culpabilização que lhe é imposta, sugiro que procure ajuda na Psicoterapia.
Acredite que poderá ser uma ajuda preciosa.
Aqui fica o link para marcação de consulta

Um forte abraço
António Norton
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