Um trauma é a manutenção de uma resposta constante de alerta, de hipervigilância e hiperactivação sem um perigo iminente que a justifique.
Essa resposta pode traduzir-se :
A nível Físico:
-Pressão arterial elevada
-Tensão muscular acumulada
-Insónias
-Hipervigilância
-Pesadelos
-Úlceras
Entre outros sintomas
A nível Psicológico:
-Flashbacks - Memórias visuais, auditivas, olfactivas, tácteis- intrusivas ligadas ao acontecimento traumático e que se repetem involuntariamente.
-Desregulação emocional - Onde poderão aparecer estados de ansiedade, estados de pânico, crises de choro, tremores, desligamento da realidade, entre outros.
-Impulso para repetir o comportamento do trauma.
-Ódio
-Raiva
-Vergonha
-Impulsos de vingança
-Desconfiança
Muitas vezes, na minha prática clínica, uso uma imagem com os meus pacientes para os ajudar a compreender o que é um trauma.
Poder-se-ia comparar um trauma com as réplicas de um sismo. Quando se dá um sismo, sobretudo na zona do epicentro, a terra treme, por vezes, com bastante violência.
Depois deste primeiro abalo seguem-se, muitas vezes, outros abalos de menor intensidade, as chamadas réplicas.
Vou convidá-lo, então, a observar o nosso organismo como observamos a terra:
O que poderá fazer tremer o nosso organismo? Qualquer situação vivida como intensa, do ponto de vista emocional e essa situação poderá ser sentida como agradável ou assustadora.
Quando o nosso organismo reconhece uma situação assustadora, sente-se em perigo e a emoção do medo assume um dos primeiros planos. Muitas vezes, trememos de medo.
Se um organismo é exposto a uma situação entendida como situação de perigo, é activado um conjunto complexo de reacções psicofisiológicas que pretendem dar resposta à tal situação de perigo. O medo poderá dar lugar ao Pânico e ao Terror.
Quando o corpo está exposto a uma situação de perigo iminente é alvo de uma enorme descarga de agentes químicos na corrente sanguínea.
Estes agentes activam músculos que se extendem do pé até ao maxilar.
Perante esta intensa activação o corpo procura uma resposta para sair da situação de perigo. Se for possível fugir ou lutar os músculos vão descarregar completamente a reacção bioquímica e o sujeito retoma ao seu estado normal de repouso e recuperação.
Se a descarga foi impedida por uma necessidade de imobilização como resposta última para fugir à situação de perigo iminente, vão surgir distúrbios de comportamento que vão conduzir a um quadro de Perturbação de Stress Pós Traumático - PTSD
PTSD resulta da excitação bioquímica residual não descarregada gerada durante o evento traumático.
Sem descarregar o corpo permance em contracção num estado stressante.
A grande quantidade de agentes químicos continua carregando o corpo num estado de excitação induzida químicamente.
O corpo tenta descarregar a energia em excesso repetindo internamente o trauma, aprisionado num ciclo de repetições compulsivas.
O cérebro precisa de receber um sinal de que o perigo acabou. Até lá o corpo repete o ciclo bioneurológico de protecção e defesa.
Basicamente, o nosso corpo tem de encontrar com rapidez uma solução para sair da situação de perigo. Nessa altura, surge um sistema de alarme, de alerta.
Explico:
No nosso cérebro existe uma pequena estrutura em forma de amêndoa, de seu nome ‘Amígdala’ que está fortemente relacionada com a emoção de medo.
Se nos sentimos em perigo, a Amígdala vai ficar hiperactivada, bem como o nosso hemisfério direito, o qual está mais relacionado com as emoções.
O nosso sistema nervoso autónomo entra em funcionamento e é dado um comando para que o sistema simpático entre em acção.
As pupilas dilatam-se para que entre mais luz e possamos apreender tudo o que está a acontecer no nosso campo de visão; a boca fica seca; os músculos faciais tensos; o coração bate depressa; a respiração torna-se ofegante; o sistema digestivo deixa de funcionar. Todo o corpo se prepara para uma reacção de emergência.
Ficamos hiperactivados.
O trauma acontece quando o organismo continua hiperactivado, depois do fim da exposição a uma situação de perigo.
É como se as réplicas do sismo permanecessem. Como se o organismo continuasse a tremer.
De algum modo, a reacção do corpo ficou cristalizada.
Será como imaginar um botão de alarme que ficou preso e nunca se desliga.
Quando falamos de trauma podemos estar a falar de uma situação isolada, como um acto de violação ou um acidente de carro ou uma situação continuada e aí falamos de trauma complexo. Um bom exemplo será viver toda a infância com um pai hostil e extremamente agressivo fisicamente.
Espero ter ajudado a clarificar o que é um trauma.
Naturalmente, se se revê em alguns destes sintomas e sente que não conseguiu ultrapassar uma situação traumática é urgente que procure ajuda de um especialista.
A Psicoterapia é o lugar certo para o ajudar a ultrpassar o seu Trauma.
Deixo -lhe o link directo para marcação da sua consulta
Um forte abraço
António Norton
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