Quando era adolescente ouvi um célebre raciocínio que desde então, de alguma forma, me acompanha e que contém uma sabedoria inquestionável. Esta frase resume de uma forma engenhosa, divertida e sábia como é que os filhos percepcionam os pais à medida que vão crescendo. Vou procurar sintetizar este raciocínio.
Entre os zero anos e a entrada na pré-adolescência (11-12 anos) os pais são vistos como pessoas que sabem tudo. São as maiores fontes de conhecimento.
Entre os 12 e os 15 anos - da pré-adolescência até meados da adolescência – Os pais afinal não sabem tudo!
O seu conhecimento é posto em causa. O adolescente entra na fase de se interrogar sobre as suas próprias dúvidas; entra na fase existencial de pôr tudo em causa; sente um grande distanciamento e uma contra-identificação com a mundivisão e o estilo de vida dos seus pais.
Entre os 15 e os 25 anos – Os pais afinal não sabem nada de nada!
Os pais são vistos como uns retrógrados, descontextualizados. Completamente ultrapassados, são apelidados de “cotas” ou de “os meus velhos”. As suas opiniões são pouco tidas em consideração.
Entre os 25 e os 35 anos- Os pais afinal até sabem umas coisas!
Para muitos, esta fase corresponde a uma emancipação, ajusta-se à ideia da vida fora da casa onde sempre viveram, ao assumir responsabilidades como pagar a renda da casa, a água, a luz. Também é preciso fazer compras, cozinhar e então a opinião e os conhecimentos dos pais são tidos já com outra atenção e consideração. Também, esta fase corresponde ao assumir da paternidade ou da maternidade. Os pais, os seus conselhos e a sua experiência ganham nova importância e pertinência.
Entre os 35 e os 45- Os pais afinal até sabem bastante!
Esta é a fase em que, muitas vezes, os jovens pais se deparam com problemas de comportamento por parte dos seus filhos e em que se apercebem até que ponto é difícil educar... O paralelismo e a empatia pela experiência dos seus pais ganha outra dimensão.
Dos 45 em diante – Os pais afinal sabiam tudo!
Fase em que muitas vezes os pais já faleceram e em que os filhos, finalmente adultos, se apercebem da enorme sabedoria que os seus pais encerravam.
E que tal pensar sobre a Psicologia que encerra este texto?
Um abraço
António Norton
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