Como podemos entender-nos (…), se nas palavras que digo coloco o sentido e o valor das coisas como se encontram dentro de mim; enquanto quem as escuta inevitavelmente as assume com o sentido e o valor que têm para si, do mundo que tem dentro de si?
Luigi Pirandello
O que é comunicar?
Como a palavra indica, comunicar é tornar comum, ou seja, é partilhar a mesma informação.
É, no fundo, construir uma ponte para chegar ao outro e tornar uma mensagem compreensível e clara para ambas as pessoas.
Implica sempre chegar ao outro. Ou então, não passa de um Monólogo autocentrado e , geralmente muito pouco ou nada eficaz...
Ora quando falamos de informação, falamos de ideias. Esta informação pode ser factual ou interpretativa.
Uma informação factual poderá ser por exemplo:
«São oito da noite»
Quando se comunicam informações factuais, raramente surgem conflitos ou mal entendidos.
Uma informação interpretativa, é toda aquela que nasce do fruto de uma interpretação pessoal, subjectiva e intencional.
A maior parte das discussões devem-se a diferentes interpretações de um mesmo comportamento.
Vejamos um exemplo:
Um namorado arranca flores de um jardim vizinho e surpreende a namorada que o aguarda em casa.
O comportamento é oferecer flores. O namorado interpreta este acto como algo romântico, inesperado e especial.
A namorada, quando vê as flores e percebe que foram arrancadas de um jardim, tem uma interpretação totalmente diferente. Sente-se vulgarizada, nem sequer digna de um verdadeiro ramo de flores comprado numa florista. Sente que o seu namorado não se esforça, minimamente, e dá-se uma discussão, um conflito, uma quebra de comunicação.
Já não há comunicação. Há apenas um duelo de perspectivas sobre o mesmo acto, totalmente diferentes. Cada elemento do casal refugia-se na sua visão e dá-se mais uma das célebres discussões de casais.
A maior causa de rupturas nos casais, é a falta de comunicação.
O que fazer perante esta situação?
Esclarecer, esclarecer, esclarecer!
A comunicação tem de voltar a ser comum e, para tal, é fundamental discutir os diferentes pontos de vista. Cada elemento do casal deverá explorar a sua perspectiva, a sua visão, sem juízos acusatórios.
Deverá expressar o que sentiu perante tal mensagem. O namorado poderá dizer algo como:
«Estava a passar perto de casa e vi umas flores tão bonitas que não resisti. Resolvi fazer-te uma surpresa. Só quis surpreender-te. Já há muito tempo que não tinha um gesto assim e quis tê-lo. Também podia ter comprado umas flores, mas preferi fazer assim. Fico muito magoado e desiludido com a tua reacção.»
A namorada poderá dizer algo como: «Nunca me surpreendes! Ganhas cada vez melhor e a nossa vida é uma rotina frustrante! Só oiço as minhas amigas radiantes com os seus namorados que as surpreendem e tu surges com umas flores, ainda para mais já meio mortiças, sem um arranjo, sequer! Sinto que fazes tudo a despachar e mais uma vez sinto-me vulgarizada, como se não fosse especial…»
Após a partilha destes dois pontos de vista, o namorado fica a saber que a sua namorada sente que ele não se esforça pela relação.
Estas discussões nunca são fáceis… Mas o mais importante é procurar clarificar as situações. Perceber o que cada um sentiu perante um dado comportamento.
A partilha do que cada um sentiu poderá abrir portas a conversas sobre as fragilidades da relação e, consequentemente, a procura de pontos em comum.
As discussões serão tanto mais produtivas quanto mais apontarem para a responsabilização do casal e não para a acusação singular de um dos elementos.
Imaginemos se o namorado chegasse a casa com as flores, a namorada fizesse um sorriso amarelo e começasse a responder-lhe de forma antipática e agressiva, sem que este percebesse de onde vinha tanta irritação e mal-estar?
É fundamental comunicar para que cada elemento consiga perceber o ponto de vista do outro e assim procurarem pontes de entendimento.
Criar pontes. Criar cumplicidades. Pontos de entendimento. É disso que é feito uma relação harmoniosa.
Se na sua relação não encontra a chave para ter uma comunicação eficaz, então a Psicoterapia poderá dar várias ferramentas de ajuda preciosa.
Deixo.-lhe o link para marcação directa de consulta
Um abraço
António Norton
Excelente artigo. Se as 2 pessoas não conseguem comunicar, ambas precisam de ajuda,