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Ser um bom ouvinte não chega!

  • Foto do escritor: António Norton
    António Norton
  • 6 de jul. de 2020
  • 3 min de leitura

Existem pessoas que são extraordinários ouvintes! Ouvem qualquer um, sem ansiedade, com calma, com disponibilidade emocional, com afecto, com interesse. E não são psicólogos! Existem pessoas que, verdadeiramente, transmitem uma sensação de atenção ao que estamos a dizer.

Mesmo assim, alguns destes excelentes ouvintes não chegam a criar relações fortes de amizade.

Mas porquê? O que lhes faltará? Ouvem tanto! Estão lá sempre!

É que, ouvir não basta. Uma relação de amizade saudável vive da reciprocidade, da partilha, da troca de experiências, testemunhos, vivências. Uma relação de amizade não vive de monólogos em que se criam relações de cuidador.

Eu gostaria de reflectir sobre esta dinâmica relacional entre uma pessoa que está continuamente no papel de bom ouvinte e não é psicólogo!

Sublinho esta ideia de se ser um bom ouvinte e não se ser psicólogo.

Um psicólogo é uma pessoa disponível para ouvir uma outra. É alguém que apresenta uma enorme disponibilidade para estar com outro ser humano. Não é suposto um psicólogo falar sobre si, mas antes estar muito atento a quem o procura. E, neste sentido, não estamos a falar de uma relação de amizade, mas sim de cuidador.

Voltemos às relações ditas de amizade em que existe uma rigidez no papel de ouvinte...

Se alguém faz da sua relação com o outro uma dinâmica em que apenas ouve, então essa relação é desequilibrada. Não há reciprocidade e existe uma polaridade disfuncional.

O que faz uma pessoa ser, continuamente, ouvinte? 

Quando alguém se coloca no papel de ouvinte está disponível para o outro e sente-se valorizado por estar a ajudar. Quanto mais é reforçado e elogiado pela sua qualidade de bom ouvinte, mais tenderá a procurar esse espaço relacional no contacto com outro. Passa a criar relações de intimidade valiosas. De certo modo, começa a conhecer muito bem as pessoas que vai ouvindo.

Mas aqui coloco uma questão: Quem se coloca no papel de ouvinte conhece o outro, mas até que ponto o outro, conhece o ouvinte? Até que ponto o ouvinte não esconde a sua intimidade, as suas idiossincrasias, as suas necessidades pessoais, o seu mundo interno, ao colocar-se neste papel?

Ouvir é bom, mas também é bom que alguém nos ouça! Muitas vezes as pessoas que nas dinâmicas de amizade assumem o papel rígido de ouvintes têm medo de se expor, de revelar a sua pessoa. Simplesmente, quanto menos se expuserem, mais a relação ficará desequilibrada.

Existe um tempo para ouvir e um tempo para ser ouvido! As relações de amizade criam-se com a partilha dos mundos de cada um, com a troca. Eu dou de mim e tu dás de ti. Tu conheces-me e eu conheço-te.

Se houver esta partilha, haverá um espaço relacional de conhecimento  e poder-se-à estabelecer uma relação de amizade.

Se notar que apenas ouve e tem alguma rigidez na defesa deste papel – o de ouvinte então, pense qual a razão de ser assim e quais as vantagens e desvantagens da sua atitude.

Se encontra no papel de ouvinte uma forma de se refugiar perante a possibilidade de se expôr, se tem receio da exposição dos seus gostos, interesses e motivações e se receia desiludir o outro, acredite que a Psicoterapia o poderá ajudar a superar o seu medo de se dar ao outro e de confiar em si mesmo.

Se for esse o caso, aqui fica o link para a marcação directa de consulta.

É bom ouvir, mas também é bom sermos ouvidos!

Pense nisto!


Um abraço!

António Norton


 
 
 

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© by ANTÓNIO NORTON PSICOTERAPIA

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