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Foto do escritorAntónio Norton

Por que razão é difícil tomar decisões importantes na vida?

Atualizado: 7 de fev. de 2023


Por vezes surgem na minha consulta pessoas que atravessam períodos de indecisão, de escolhas, de impasses, de ambivalências. Muitas vezes estes períodos de conflito interno são vividos com um aumento dos níveis de ansiedade, com uma crescente irritabilidade que traduz flutuações de humor. Por norma, os próprios clientes apenas têm consciência dos seus sintomas, mas não associam o seu desconforto a um conflito perante uma tomada de decisão.


Naturalmente, apenas as decisões importantes é que conduzem a uma alteração do humor. Decisões simples são tomadas diariamente e não implicam uma alteração da homeostasia emocional de cada um.


Qualquer decisão importante deverá ser tomada de uma forma cuidada, pensada, reflectida, vivida, digerida e pesada. As decisões com um carácter importante como mudar de casa, mudar de emprego, terminar uma relação nunca deverão ser feitas sob um clima de pressão e de impulsividade. Infelizmente, nem sempre assim acontece ou tal é possível.


Por que razão é difícil tomar decisões importantes que têm implicações na vida? Porque, do ponto de vista psicológico, não se trata apenas de um balanço, de um jogo de forças entre dois pontos de vista. Não se trata apenas de um julgamento sobre os prós e os contras de uma escolha, mas mais do que isso, trata-se de compreender que existem emoções envolvidas nos processos de escolha.


Pegar numa folha de papel e identificar os pontos positivos e negativos de uma escolha, como por exemplo: quais os pontos positivos e negativos que devem ser observados para se manter uma relação matrimonial ou quais os pontos positivos e negativos que se deve ter em conta para avançar com um processo de divórcio? Estas observações e interrogações são, naturalmente, úteis e poderão ajudar a clarificar pontos de vista, mas nem sempre são o suficiente. Se assim fosse qualquer um o poderia fazer…


A ambivalência de uma escolha resulta de um conflito interno em que existem dois lados: o lado que deseja mudar e avançar preferindo o divórcio, a separação e outro lado que não deseja a mudança e prefere a estabilidade mantendo-se na relação matrimonial.


E aqui entra o papel muito importante da Psicoterapia.


Os estados de irritabilidade e de flutuações de humor activados pela necessidade de assumir uma escolha, resultam de jogos de força próprios da dinâmica interna emocional. O que quero dizer com isto? A irritabilidade muitas vezes esconde emoções aparentemente opostas como a zanga e a tristeza. A não expressão e a não vivência dessas emoções conduz a estados de irritabilidade.


No espaço seguro do consultório de Psicologia, dentro de uma relação de segurança e de confidencialidade, o papel do Psicoterapeuta é o de ajudar o cliente a verbalizar e a sentir cada parte de si mesmo. O cliente tem a oportunidade única de entrar na pele de cada uma das partes de si próprio e vivenciar emocionalmente o que significa assumir esse lado.


Na minha prática, recorro a um vasto conjunto de técnicas de Psicoterapia Experiêncial e Existencial. Ajudo o paciente a pontuar, a sublinhar, a evidenciar, a tomar consciência das emoções que estão por detrás das suas palavras. Assim, o paciente revelará a sua parte mais íntima, a que deseja avançar e a que prefere a estabilidade.

E por que razão isto é tão importante?


Porque é importante o paciente ter tempo para entrar em contacto com a tristeza ou a zanga e poder sentir o luto de uma escolha. Sentir como é o despedir-se de algo, de um posto de trabalho, de uma relação amorosa, de uma casa, de um animal. Sentir esse luto interno. Deixar que a zanga e a tristeza o invada e somente aí, nesse contacto íntimo e privado, perceber se é isso que deseja; perceber se sente algum conforto e se aceita deixar para trás tudo o que construiu.


Esse é o momento em que terá verdadeiramente tomado uma decisão, respeitando as suas emoções e deixando que estas se expressem.


Por várias vezes, após este trabalho muito delicado, vários pacientes decidem que afinal não querem mudar. Não querem deixar o seu relacionamento matrimonial, não querem deixar o seu posto de trabalho. Outras vezes ganham uma consciência diferente e sentem-se preparados para seguir um outro caminho, seguir numa outra direcção, mas em paz interna. E esta é a grande diferença! É este o conhecimento que, um trabalho psicoterapêutico válido e útil, lhe pode proporcionar e o ajudará com firmeza.


O papel do psicólogo não é convencer ninguém de nada, não é irritar-se ou puxar o paciente para algum lugar. É sim o de permitir que cada pessoa viva, emocionalmente, cada possibilidade que poderá enfrentar ao longo da vida.


A situação complica-se quando uma pessoa toma uma decisão racional, pesando os prós e os contras, não agindo impulsivamente e apercebe-se de uma crescente irritabilidade e necessidade de fuga e alienação após ter feito a escolha, aparentemente, mais acertada. Do ponto de vista clínico tal deve-se, provavelmente, a não ter havido espaço emocional para a vivência de um luto interno das emoções associadas ao que se escolheu. Essa tristeza ou essa zanga não expressa, surge então mascarada através de uma “estranha ansiedade”.


Se precisa de tomar uma decisão importante da sua vida, pode ouvir os seus amigos, pode até escrever os prós e os contras de uma decisão, mas acredite que a Psicoterapia poderá ser de uma imensa ajuda no seu processo de decisão.

Aqui lhe deixo o link para marcação da sua consulta, caso sinta essa necessidade.


Acho que vale a pena pensar sobre isto.


Um abraço,

António Norton


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