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Foto do escritorAntónio Norton

O Preço da Felicidade


Ser feliz... 


É um tema caro, polémico, passível de discussões infinitas. Muitas pessoas defendem que a felicidade não existe, existem sim, momentos de felicidade. A chamada felicidade momentânea.


E a infelicidade? De igual modo, também existem momentos de infelicidade.  Esta, muitas vezes, passa de um plano tido como psicológico, mais ligado aos pensamentos e crenças para algo mais corporal, somático e, portanto, é claramente visível e inequívoca.

Assim, existem momentos de Felicidade e de Infelicidade. Sobre tal questão não restam dúvidas.


Mas, gostaria de fazer uma distinção entre Felicidade Contextual e Felicidade Existencial, distinção esta que, obviamente, perpassa também para o polo oposto, o da infelicidade.


Felicidade Contextual surge quando acontecimentos esporádicos e espontâneos ocorrem na nossa vida, os chamados momentos de sorte. Por exemplo: encontrar dinheiro no chão, arranjar lugar para estacionar o carro, enfim... acontecimentos, de certo modo, imprevisíveis, inesperados e que vão desenhando sorrisos em cada um de nós. Esta é uma felicidade que, aparentemente, não implica a nossa intervenção directa, ou o nosso esforço ou empenho.


A Felicidade Existencial implica um sorriso interior, uma intervenção directa e constante, permanente. Implica um sentimento de honestidade interior, de congruência existencial. Quando digo existencial, refiro-me à existência, ao plano de vida, ao sentido que lhe queremos atribuir, ao caminho que queremos percorrer, à viagem que queremos fazer. Ser feliz existencialmente, é ser honesto com os caminhos que escolhemos percorrer, que vamos sempre escolhendo.


Mas, para sermos felizes temos de pagar um preço.  Raramente, a felicidade é algo simples, perfeito, sem luta...

Os contos de fadas são, de certo modo, uma boa analogia para o que é preciso lutar para chegar ao “...e viveram felizes para sempre...” embora esta frase com este “sempre” seja altamente polémica!


Para seguirmos o caminho que escolhemos percorrer, temos muitas vezes que desiludir e que magoar pessoas queridas que surgem na nossa vida, pais, filhos, amigos, irmãos, familiares, maridos, mulheres, chefes...


A nossa Felicidade Existencial depende das escolhas que fazemos e cada escolha feita tem o peso da nossa responsabilidade, fecha algumas portas e abre outras. Existem escolhas que são fáceis de serem feitas. Aparentemente, não existem bloqueios. Mas existem outras escolhas que podem provocar elevados dilemas existenciais.

Algumas destas escolhas implicam ter de dizer NÂO! Esta palavra tem um poder extraordinário, capaz de mudar o rumo das nossas vidas. Outras escolhas implicam dizer SIM! Palavra que, naturalmente, tem igual poder


Comecemos pelo NÃO...


Muitas vezes os nossos pais traçam um futuro para nós, sonham com uma determinada carreira, um determinado perfil psicológico, uma determinada esposa ou esposo. Mas muitas vezes os seus sonhos, os seus projectos e as suas ambições não coincidem com os nossos. E só podemos ser felizes existencialmente se tivermos a coragem existencial de dizer NÃO, de negar o futuro traçado pelos nossos pais, se tivermos a convicção profunda que os vamos magoar, mas que a nossa felicidade tem esse preço...


A mesma ideia se aplica aos nossos amigos. Muitas vezes crescemos dentro de um determinado contexto social e vamos criando aí a nossa identidade social. Depois, à medida que o tempo passa, temos outras vivências, outras experiências, outros contactos e sentimos que já não falamos aquela “língua”. Então, se quisermos ser felizes existencialmente, teremos de dizer NÃO aquele grupo de pessoas, e novamente surge a desilusão. Esse é o preço a pagar pela nossa congruência interior.


Quando sentimos que o nosso casamento terminou, que a nossa vida não passa mais pela partilha com esta ou aquela pessoa, se quisermos ser felizes existencialmente então teremos de dizer NÃO! Mesmo que implique destroçar o coração da outra pessoa, mesmo que implique que os filhos passem a ter os pais separados. Vai implicar muito sofrimento, mas esse é o preço a pagar!


Se não estivermos dispostos a pagar este preço, então surgirão momentos de infelicidade que poderão ganhar cada vez maior premência e continuidade até ao ponto de se poderem tornar o leitmotiv da nossa vida. Se escolhermos calar a nossa voz interior que nos diz não sermos felizes existencialmente a percorrer aquele caminho, então teremos como companheiros estados de ansiedade, estados de depressão e por vezes até ideias de suicídio. Este é o preço da Infelicidade!


Passemos ao SIM...


Durante a nossa vida surgirão sempre vários desafios, vários projectos, vários caminhos que a própria vida nos convida a escolher. Cada um de nós tem várias vozes dentro de si, umas a dizer SIM, que aceitam e querem aceitar os desafios e outras a dizer NÃO, que têm medo e fogem dos desafios... Cada segundo da nossa vida é feito de escolhas. Essa é a condição da nossa existência. Escolher. Escolher o que digo, a quem digo, como digo, quando digo. Escolher, escolher, escolher...


Se formos honestos interiormente e quisermos aceitar os desafios que a vida nos coloca então vamos escolher o SIM. Em caso contrário, voltaremos a pagar o preço da Infelicidade.


Claro que o Sim e o Não andam de mãos dadas. Dizer NÃO a algo implica dizer SIM a outro algo.


O importante é ter consciência que a Felicidade Existencial existe e tem um preço a pagar!



Se não é capaz de dizer SIM e de dizer NÃO na sua vida, sugiro fortemente que procure a Psicoterapia. Estou certo que a Psicoterapia tem ferramentas muito úteis que poderão fazer a diferença e permitir que o NÂO e o SIM sejam ditos livremente por si para construir o seu caminho e encontrar a felicidade que merere ter!



Deixo-lhe o link para marcação directa de consulta.





Um forte abraço!

Cuide de si e procure sempre ser feliz!



António Norton


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