
24 horas por dia somos bombardeados com notícias sobre o Coronavírus.
Alguns de nós têm a televisão permanentemente ligada, as notificações de telemóvel em contínua agitação e alarme.
O mural do Facebook a disparar conteúdos mais ou menos ansiógeneos.
Por vezes o caudal de informação é tanto que não temos um segundo para respirar… Ficamos sufocados.
Como sair deste permanente alarme noticioso…?
Estamos forçados a estar em casa praticamente 24 horas por dia e finalmente estamos na posse de um dos recursos mais valiosos que existem! Temos tempo!
Quantos de nós nos queixamos de não ter tempo para nada? Pois bem, agora temos tempo para tudo! Perdoem-me o excesso, pois sei que não será bem assim, mas verdadeiramente temos muito mais tempo.
Claro que ter tempo não chega. Podemos ter tempo, mas não temos liberdade. Não podemos ir explorar o mundo, o nosso país, a nossa cidade, o nosso bairro. É verdade.
Talvez este tempo não seja para isso. Mas, a verdade é que conseguimos finalmente pegar em projetos esquecidos, que ficaram na gaveta.
Voltamos a escrever, ou a compor, ou ouvir aquele CD; aprender um instrumento musical, rever e estudar novamente um curso que fizemos há tantos anos; voltar a ler um autor que tínhamos em mente; brincar com os nossos filhos e estar verdadeiramente presentes no “Aqui e Agora”.
O “Aqui e Agora”...
Vivemos na sociedade do zapping, do fast food, do fast de tudo e mais alguma coisa. Uma sociedade virada para o imediatismo, para a contínua mudança segundo a segundo, momento a momento. Somos todos apanhados numa onda de voragem que nos suga, nos consome e, por vezes, nem nos deixa respirar, tal é o nível avassalador com que se impõe.
Neste período, os mass media não nos largam um minuto, um segundo com notícias sobre o Coronavírus.
Vários canais em simultâneo pelo mundo fora partilham notícias continuamente actualizadas sobre esta Pandemia.
E, quer queiramos quer não, rapidamente somos arrastados por uma inesgotável corrente de informação, que nos traga, nos devora e, potencialmente, poderá deixar-nos mais apreensivos e ansiosos.
A informação é, naturalmente, muito importante, mas deverá ser seleccionada e digerida com equilíbrio, senão temos uma congestão e não vamos pregar olho.
Escolha uma altura do dia para se inteirar sobre o estado da Nação e do Mundo relativamente a esta Pandemia.
E se decidir desligar os canais que estão em modo contínuo a partilhar conteúdos sobre o Coronavírus, poderá reencontrar-se consigo mesmo.
Mas...
Além da Televisão e dos canais públicos, existem centenas de canais de entretenimento, séries da Netflix, fluxos de informação contínua nos murais do Facebook...
Vivemos numa sociedade onde existem mil escolhas, mil propostas, mil ofertas. E tantas coisas parecem interessantes, apelativas, dignas do nosso interesse…
Toda esta variedade contínua, difusa e assertivamente presente coloca-nos escolhas e dilemas. A condição humana é a condição da escolha. Estamos sempre condenados a escolher. Cada segundo que vivemos é também cada segundo que escolhemos. E é importante escolher bem, com convicção, confiança, intenção e consciência.
A escolha é uma condição inevitável ainda que existam muitas escolhas possíveis. O perigo desta imensa variedade é a possibilidade de cada um de nós se perder.
Cada um de nós tem a sua agenda escrita ou apenas mantida no nosso próprio segredo. Quando falo de agenda, falo de ideias, pensamentos, coisas que queremos concretizar, planos, e.t.c.
Podemos ter as nossas ideias, mas...
Basta ligarmos a televisão e somos invadidos por milhares de canais com programas muito apelativos, por vezes muito sedutores, ao ponto de nos fazer esquecer todas as ideias que tínhamos reunido.
Existe a Internet , o Youtube, o Facebook e, verdadeiramente, podemos passar horas a consumir, desenfreadamente, ideias de ‘Outros’, momentos de ‘Outros’, sonhos de ‘Outros’, vídeos, fotografias, discursos de ‘Outros’
E nós? Onde ficamos nós? Onde fica você? Onde fico eu?
O risco de tanta, tanta, tanta informação é ficarmos dissolvidos no meio deste caos aparentemente ordenado.
A nível psicológico, a ambivalência gerada pela indecisão da escolha gera uma sensação de divisão: estamos em todo o lado, mas não estamos, verdadeiramente, em parte alguma! Estamos perdidos no meio de todas as escolhas. Ficamos divididos, quebrados e alienados.
Qual a solução?
Gostava de propor uma ideia:
Antes de se embrenhar no turbilhão dos mundos dos multimédia, gostaria que pegasse numa folha de papel, numa caneta, e que mergulhasse na complexidade imensa da sua pessoa. Então, comece a escrever as várias ideias que tem. Isole-se de tudo e fique apenas e só consigo mesmo. Verá que é algo muito simples, mas ao início, difícil. Escreva as suas ideias.
Estas ideias poderão ser escritas sob a forma de tópicos simples. Poderá escrever coisas que gostaria de fazer:
Estas ideias podem estar ordenadas por temas que, naturalmente, irão variar de pessoa para pessoa.
Vou dar um exemplo:
Livros/Revistas/Artigos
O que gostaria de ler? Autores, temas - Livros reais ou digitalizados?
Música:
Que músico gostaria de explorar?
Que estilo de música?
Que CD não ouvi?
Documentários:
Que documentários gostaria de assistir os quais, em tempos, gravei?
Que temas gostaria de explorar em documentários?
Podcasts:
Que podcasts gostaria finalmente de explorar?
Receitas de Culinária:
O que gostaria de aprender a cozinhar?
Que receitas gostaria de reorganizar?
Amigos e familiares:
A quem gostaria de falar?
Com quem gostaria de retomar o meu contacto?
Projectos artísticos:
Que canções ficaram na gaveta?
Que contos ficaram na gaveta?
Que romances ficaram na gaveta?
Que instrumento musical gostava de, finalmente, aprender?
Que blogue quero dar inicio?
A lista é infinita, tão infinita como a sua pessoa.
Quanto maior o nível de organização, mais promoverá também a sua organização interior.
Verá que se experimentar esta ideia tão simples sentirá outro controlo e outra consciência da sua pessoa. Fará o que quer fazer e sentirá que tem mais tempo para si, investindo em si.
Ao investir, ao aprofundar áreas do seu interesse está a reencontrar-se e isso é muitíssimo terapêutico.
Vai sair deste turbilhão de informação sufocante e poder respirar indo ao encontro de si próprio.
Se não se consegue mesmo desligar-se de toda esta informação contínua que circula nos vários meios de comunicação, se a ansiedade é como uma sombra que não o larga e não o deixa respirar, sugiro fortemente que procure Apoio Psicológico
Neste momento estarei em modo de vídeochamada.
Nunca será o mesmo que a riqueza e a profundidade do apoio presencial, mas acredite que a videochamada poderá também ser uma preciosa ajuda e permitir um encontro emotivo e terapêutico.
Deixo aqui o link directo para marcação da sua consulta
Um forte abraço
António Norton

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